Category Archives: Percepção de Cores

O poder do ficção na sociedade: sobre realidades objetiva e subjetiva!

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O mundo é uma ilusão e a realidade é um ponto de vista!

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A realidade é um ponto de vista!

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É assustador descobrir que não existe realidade e, portanto, o mundo é uma ilusão. O que é ilusão? É o engano dos sentidos, trocando a aparência real por uma falsa. Lembrete: não temos acesso ao real. Em geral, todos nós criamos o mesmo mundo e é provavelmente por isso que juntos criamos a ilusão de que percebemos a realidade quando, na verdade, essa realidade é apenas um ponto de vista compartilhado por todos nós. O problema é que existem outras percepções que são modificadas pela experiência. Ai, a minha realidade depende da minha experiência enquanto a sua realidade depende da sua. Esse é o caso do posicionamento político. Nossa realidade é sempre relativa. Como o nosso cérebro não é capaz de perceber o mundo como ele é, o que ele faz? Ele cria um mundo que possa nos ser útil e que, portanto, se torna a nossa realidade. E a realidade que achamos que percebemos é apenas uma perspectiva, as vezes compartilhada por muitos e as vezes compartilhada por poucos ou ninguém. Como disse Drummond “cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia”. E o que é preciso fazer? Eu preciso conhecer a sua experiência para então poder entender a sua realidade. Sem esse esforço, não existe a menor possibilidade de nos entendermos. 

[A Lenda dos Muitos Brancos dos Inuits – Esquimós]

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As pessoas em geral adoram aumentar os fatos num telefone sem fio – sem fim, e foi assim que começou a lenda de que os esquimós são capazes de perceber e/ou nomear muito mais brancos ou tipos de neve que a gente. Mesmo que a lenda já tenha sido destruída há décadas, algumas pessoas ainda acreditam!

A antropóloga Laura Martin passou um bom tempo na década de 1980 tentando desfazer a lenda sobre os esquimós (Inuits) e, após anos de luta, ela conseguiu publicar “Eskimos Words for Snow” (Martin, 1986). Este artigo deveria ter sido suficiente para a lenda sair de nossas vidas, mas não, e mais tarde Martin chegou a citar o número de termos do vocabulário esquimó para neve: “nove” em uma enciclopédia (Adams 1984), “cem” no editorial do New York Times (9 de fevereiro de 1984), e “200” em um programa sobre a previsão de tempo em um canal de TV em Cleveland (Pullum, 1989).

Todo mundo sabe que decoradores têm nomes diferentes para diferentes gradações de bege, e cabeleireiros têm nomes diferentes para diferentes gradações de loiro, marrom e preto – nada mais justo. Mas de acordo com o linguista Geoffrey K. Pullum – que trabalhou muito duro para destruir a lenda dos esquimós em The Great Eskimo Vocabulary Hoax, eles não são tão interessados em neve quanto reza a lenda. Para eles, a neve é algo sempre presente assim como a areia na praia. E até mesmo os loucos por praia tem apenas uma palavra para a areia.

Em 1911, o lingüista Franz Boas comparou os termos em inglês para água com os termos dos esquimós para a neve, afirmando que no vocabulário dos Inuits encontram-se 4 categorias de neve. Recentemente, em 2003, Larry Kaplan afirmou um pouco mais em “Inuit Snow Terms“. Mas para Pullum e Martin, temos que estar cientes de que o Dicionário da Língua da Gronelândia Ocidental Eskimo (Schultz-Lorentzen, 1927) apresenta apenas duas raízes possivelmente relevantes para a tipos de neve no vocabulário esquimó: qanik para neve no ar (floco de neve), e aput – para neve no chão. Todos os outros nomes são derivados. Isso é tudo.

Resumindo: a percepção em geral e, mais ainda a percepção de cores dos esquimós, é tal e qual a nossa. O vocabulário é um pouco diferente, mas muito longe de possuir dezenas e, muito menos, centenas de termos para descrever os diversos estados da neve.

The Great Eskimo Vocabulary Hoax

The Great Eskimo Vocabulary Hoax