Tag Archives: Neuroaesthetics

Giambologna (1574-1580) Ratto delle Sabine em Galleria dell’Academia

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Darwin não se surpreenderia e Hamilton explicaria matematicamente. O que essa obra significa?

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Um homem mais velho derrotado por um homem mais jovem. A escultura de tradução ainda bastante controversa retrata um episódio lendário de homens romanos que teriam obtido esposas para si através do rapto das filhas das famílias sabinas vizinhas. Evento muito comum entre primatas não-humanos e entre humanos em sítios de guerra. Muitas pessoas se irritam com explicações darwinistas do comportamento humano, mas precisamos sempre lembrar que explicar não significa justificar. Jamais. Certamente nós mulheres merecemos viver numa sociedade muito menos machista.

Visitando Maquiavel: Luxo também Corrompe

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O diabo pode não vestir Prada, mas a ciência sabe que ele gosta de luxo. A mera exposição a artigos de luxo pode alterar a forma como percebemos o mundo, modificando nosso raciocínio e nossas escolhas. Pessoas que foram expostas ao luxo fizeram mais escolhas baseadas em seu próprio interesse que aquelas que não foram. Apesar de priorizarem a si mesmas, não buscaram colocar as outras em risco. Isso não parece novidade visto que a crise americana que abalou o mundo foi uma consequência de pessoas que não buscavam intencionalmente prejudicar os outros e estavam apenas preocupadas em manter seu padrão de vida. O Luxo parece funcionar como Poder ou Dinheiro. Enquanto o dinheiro e o poder nos trazem uma sensação de independência, o luxo motiva nossos desejos pessoais, num hedonismo que tende a ignorar os interesses alheios. A exposição ao luxo incentiva as pessoas a não considerarem os outros. Basta observar a classe política brasileira. Espinosa sabia muito bem disso, e Gandhi dizia que um certo grau de conforto é necessário, mas acima disso se torna um obstáculo ao invés de uma ajuda. Parafraseando Maquiavel, o luxo também corrompe.

Esse texto é baseado no artigo de Chua & Zou (2009) The Devil Wears Prada? Effects of Exposure to Luxury Goods on Cognition and Decision Making. Working Paper Summaries, 10-034. Harvard Business School.

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Nise: Coração da Loucura

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Breve resenha do filme de Nise da Silveira escrito por Thiago Andreieve

“Uma das primeiras mulheres a formar-se em medicina no Brasil, Nise da Silveira, também única mulher em sua turma, teve que enfrentar diversas adversidades, inclusive relativas a gênero, para trabalhar com, e expor, suas ideias acerca do universo da loucura; contribuindo grandiosamente, por fim, à psiquiatria. Concomitantemente, desenvolveu papel fundamental na luta antimanicomial.

O filme retrata uma breve, mas marcante fase da história de Nise. Ao sair da prisão (punição pela posse de livros marxistas), passou em concurso para trabalhar no Hospital Psiquiátrico Engenho de Dentro. Nessa época, técnicas como o eletrochoque e a lobotomia estavam em alta. Entretanto, ela não acreditava na violência como tratamento de distúrbios. Assim, pela recusa em adotar tais métodos, foi transferida para o Setor de Terapia Ocupacional do hospital, menosprezado pelos outros médicos. Ali, foi onde Nise pôde manifestar sua visão humanizada em relação ao “louco”, e com tal, descobriu formas de tratar e amenizar patologias, ao passo em que também descobria potenciais nos pacientes (quem chamava de clientes), e teorizava os mesmos, por vezes relacionando com os estudos de Jung.

Não há sensacionalismos nem grande dramatização. A protagonista sempre consegue encarar as situações de maneira serena, ainda que preocupada. A produção audiovisual, diferente do comum, humaniza o hospício. Não há como na grande maioria dos filmes, aquele clima de terror ou suspense em relação ao espaço. Muito importante, ainda que inconscientemente, para o espectador, o filme é cercado de simbologias, e sua direção de arte é excelente. Tal fato pode ser sintetizado logo na primeira cena, em que Nise insiste em bater num grande portão de metal, de um muro ainda maior, e que desempenha uma função simbólica de divisão de águas, ao ponto em que fora dele está a “realidade”, e dentro o inconsciente, talvez “coração da loucura”.

A contribuição de Nise não se limita à Psiquiatria, estende-se a toda Medicina. Dentro da Terapia Ocupacional, desenvolveu a criação e as artes como tratamento, capaz de regular emoções, e até indicar especificidades da patologia. Sua visão humana de seus “clientes” é reforçada, através de signos, pelos próprios roteiro e direção, além de boas atuações, claro. São evidenciados, de cada um, jeitos, gostos, medos, histórias, trajetória habilidades e, principalmente, HUMANIDADE.”