O poder do ficção na sociedade: sobre realidades objetiva e subjetiva!

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  1. Ciência é algo importante, mas o problema é o reducionismo científico, que em geral acompanha estas reflexões. A ideia de que somente o mundo físico é “real”, e tudo o que não puder ser reduzido a um fenômeno físico é uma ilusão (ou ficção). Isso me parece simplista. Nossas capacidades cognitivas superiores, fruto da evolução, nos permitem criar uma série de conceitos – como direitos, valores, democracia – que não podem ser reduzidos a algo físico (direitos não têm tamanho e localização). Mas não são uma ilusão por conta disso. A democracia é algo “real”. Por que deveria ser tratada como uma “ficção útil”? O mesmo pode ser dito do casamento. Esta instituição “existe”, pessoas se casam, se separam etc. Não faz o menor sentido dizer que o casamento é uma ilusão.
    Faz muito mais sentido dizer que nosso cérebro nos permitiu ampliar nossa realidade, incluindo em nossa vida uma série de noções que só fazem sentido intersubjetivamente. Mas o fato de serem criadas por nós não quer dizer que sejam ilusões (carros tb são criados por nós, são ilusões por causa disso?). Os direitos individuais são algo bem diferente de conceitos religiosos, que precisam, aí sim, pressupõe algo que não existe, um Deus que faz milagres etc. Os cientistas, em geral, não conseguem fazer esta distinção, o que me parece bem claro no vídeo, onde conceitos como leis e direitos são colocados no mesmo saco, por assim, dizer, de conceitos religiosos como Deus, tudo fruto de nossa imaginação (como se a democracia fosse um tipo de superstição). A relação que os cientistas fazem entre “realidade” e “mundo físico” é que é muito forte e acaba se tornando simplista. Não devemos nos esquecer que nossa relação com a natureza tb se dá através de conceitos. O fato de termos como “natureza”, “força”, “energia” se referirem ao mundo físico nos dá a impressão de que são mais “objetivos”, mas na verdade estes conceitos tb são “fabricados” por nós e só fazem sentido intersubjetivamente.

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