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O poder do ficção na sociedade: sobre realidades objetiva e subjetiva!

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Ficção: Poderosa Arma dos Homens

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Como já sabemos, nossos sentidos são limitados e não dão conta de interpretar a realidade. Portanto, nossa realidade é sempre parcial e, além disso, relativa. Relativa porque pensamos sempre em comparação. Não existiria a noite se não fosse o dia, a fome se não fosse a saciedade, o cheiroso se não fosse o fedido.

Se a realidade é parcial e relativa, ela é apenas um ponto de vista. Quando o ponto de vista é compartilhado unanimemente, geralmente estamos falando de uma realidade objetiva como, por exemplo, o rio, a árvore, o leão. Quando o ponto de vista é dificilmente compartilhado por todos, geralmente estamos falando de uma realidade subjetiva também conhecida por construção social, ideia, mito, ficção.

Quando uma realidade subjetiva é compartilhada por quase todo mundo, ela se parece com uma realidade objetiva. Dois bons exemplos: Deus e dinheiro. Ambos não são realidades objetivas mas sim ideias consideradas reais pela maioria esmagadora de nós humanos. Quanto mais gente acreditar numa realidade subjetiva, menos ela se parece com uma ficção e mais ela se parece com a realidade objetiva.

Somos um animal social e as realidade subjetivas são extremamente necessárias para nossa organização em sociedade. Elas são o fruto da nossa necessidade aliada a nossa imaginação. Nenhum outro animal no planeta tem a imaginação que nós temos:

É difícil respeitar o direito alheio. Criamos a Lei.

A vida nem sempre parece ter sentido. Criamos Deus.

É difícil amar ao próximo como a si mesmo. Criamos a Religião.

A vida é muito curta. Criamos a Vida Eterna (e a Reencarnação).

É difícil ter apenas um parceiro. Criamos o Casamento.

Mitos partilhados facilitam a cooperação. Dois crentes que nunca se viram podem atravessar um período de sofrimento lado a lado com fé na vontade de Deus. Dois evangélicos que nunca se viram podem juntos protestar contra o aborto ou o casamento gay. Dois norte-americanos que nunca se viram podem unir forças na guerra em nome de sua nação. Dois funcionários de uma mesma corporação que não se conhecem são capazes de trabalhar por horas ou meses com a mesma finalidade.

Vivemos uma realidade dual. Por um lado a realidade objetiva, uma fonte esgotável. Por outro lado a realidade subjetiva, uma fonte inesgotável. Note que nossas realidades subjetivas são hoje mais poderosas que as realidade objetivas e até mesmo a sobrevivência de rios, árvores e leões dependem da graça concedida por deuses, nações, corporações, e o dinheiro.

 

Essa é uma resenha reflexão sobre o papel da ficção em nossa sociedade discutido no capítulo A Árvore do Conhecimento do livro Sapiens escrito por Yuval Noah Harari.